Quando a esse mundo cheguei
Banguela, sorridente e analfabeta
Fui crescendo e aprendendo
Todo dia uma nova lição
Às vezes, promissoras, noutras nem tanto
Ainda sem opinião formada
Me esforçava para entender
Quando me ensinavam a revidar ataques
De qualquer natureza.
Nunca fui temerosa demais,
Aos poucos foram incutindo na minha mente
Que evitasse companhia de gente negra,
Outros falavam para reagir com os colegas da escola
Caso alguma brincadeira não fosse do meu agrado
Essas lições me causavam asco
Desde cedo sou dada ao afeto, carinho e das coisas de Deus.
Certo dia cheguei em casa com a mão machucada
Minha mãe adotiva ao perguntar se foi tombo ou briga
E se eu havia reagido contra o possível agressor(a)
Pegou o seu chicotinho e já foi me surrando nas pernas
E falava -isso é para você aprender não apanhar na rua
E se acontecer outra vez, a cossa será maior.
Na minha idade ainda infante e menina de boa índole
Tais ensinamentos confundiam minha cabeça demais!
Que brutalidade, pensava com meus botões!
E, crescendo, aprendendo e discordando
Fui me safando dos ensinamentos maléficos
Me sinto gratificada, meu bom Deus sempre
Me livrou das astúcias do inimigo.
Hoje na terceira idade vivendo num tempo violento
Embora num grau muito mais elevado e pernicioso
Posso afirmar com todas as letras que a violência
Existe desde os primórdios tempos, bem camufladinha
Morando num casulo familiar.
Sem dúvida que quase tudo começa em casa.
Com o coração cheio de esperança
Clamo ao Senhor Jesus para trazer entendimento
Aos cegos de luz e amor para que entendam
Que a vida é efêmera,
que o bem transcende o mau
que o amor é o caminho para um mundo melhor.
Qualquer hora tudo acaba!
Não há quereres terrenos
que possam superar o poder de Deus!
Diná Fernandes